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O símbolo da revolução cubana não é o fuzil. É o livro!

O símbolo da revolução cubana não é o fuzil. É o livro!

 A Educação Básica nos Cinco Continentes – Cuba

 

Ametista de Pinho Nogueira Silva

Jeannette Filomeno Pouchain Ramos

Terezinha do Nascimento Pereira Filha

Introdução
“O símbolo da revolução cubana não é o fuzil. É o livro”. (Tilden Santiago)[1].
            Nós já ouvimos falar no senso comum muito sobre Cuba, entre outros, atrasado, fechado, economia nada legal, regime fechado, vôlei e charutos. No entanto, existe um ponto que chama muita atenção por parte dos educadores de todo o mundo: a importância que Cuba dá a educação escolar. A prova disso é que analfabetismo é um fantasma do passado.
            Revisitando um pouco da sua história desvelamos que Cuba é um país insular (ilha), que fica no norte do Mar do Caribe. Localizado no continente americano, sua capital é Havana. Descoberta pelo Almirante de la Mar Oceana Cristóvão Colombo, em 27 de outubro de 1492, a ilha recebe este nome em homenagem a um possível local de nascimento de Colombo.
            Colonizado por espanhóis por quatro séculos, em 10 de outubro de 1889, Cuba declara sua Independência. Porém, por ter assinado com os Estados Unidos o Tratado de Paris (os americanos derrotaram os espanhóis, o que levou ao fim o poder de Espanha na ilha), no ano seguinte, o país do Tio Sam passou a ter um governo militar na ilha (1º de Janeiro de 1890). Em 20 de maio de 1902, Cuba foi proclamada Republica, mas não conseguiu se livrar dos americanos: devido a Emenda Platt (incorporada a Constituição da República), os cubanos não tiveram o direito de intervir nos assuntos internos da nova república. Ou seja, não eram uma nação soberana juridicamente. Essa situação durou 58 anos, até que, em 1º de Janeiro de 1959, o Exército Rebelde de Fidel Castro derrota o governo americano e conseguem sua independência.
            Atualmente, Cuba é o único país do continente americano que é socialista, possuindo um governo de partido único, sem eleições diretas para cargos executivos, ou imprensa livre. Por muitos anos, Cuba foi governada por Fidel Castro. Atualmente, seu irmão, Raúl Castro, eleito em eleição de candidato único, cuida da ilha.
            Apesar de ser um país fechado, com uma recuperação econômica lenta, Cuba possui altos índices na área da educação[2], deixando muitos países de melhores condições “no chinelo”. Para Fidel, “sem educação não há revolução nem socialismo possível”.[3]
 


[1]Fonte: http://fobe.wikispaces.com/Nosso+passeio+por+Havana… (adaptado)
[2] Por exemplo: Cuba é o país da América Latina que melhor cumpre as metas sobre acesso e qualidade de ensino estabelecidas pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). Numa lista de 128 países, a ilha está em 14º lugar, à frente de países ricos, como Espanha (17º), Suíça (20º) e Bélgica (23º). Os três primeiros da lista são Noruega, Japão e Alemanha, respectivamente. O Brasil está em 88º. Estados Unidos e Canadá não foram listados (retirado de http://avanteeducadores.blogspot.com/2010/02/educacao-de-cuba-e-melhor-da-america.html).
[3] Isso foi dito por Fidel em 22 de dezembro de 1961, diante de milhares de pessoas que se encontravam na Praça da Revolução, em Havana. Nesse dia, Fidel agradeceu aos 2.823.34 Alfabetizadores que atuaram na Campanha Nacional de Alfabetização (mencionaremos sobre a campanha mais na frente).
História da Educação Cubana
            Se hoje em dia, Cuba tem uma realidade educacional invejável, no passado a situação não era uma das melhores.
            Por mais de quatro séculos, Cuba era um país de analfabetos. A maior parte de sua população era excluída desse direito, e também da cultura, conseqüência de um regime de escravidão.
            Em 1902, a situação ainda era péssima. A ocupação militar dos Estados Unidos, que se fazia presente na época, causou um desastre na educação cubana. Até 1953, a situação educacional era:
– 56, 4% das crianças freqüentava a escola  primaria;
– 28% da população entre 13 e 19 continuavam os estudos no Ensino Médio;
– O acesso ao Ensino Superior era muito limitado;
– A falta de recursos prejudicava o Ensino Técnico e as Fazendas-Escola (Ensino Agrícola);
– Só existiam três universidades;
– Educação Especial para pessoas com deficiência era praticamente inexistente;
– Poucas instituições para a formação de professores e etc. Fonte:http://educuba.wordpress.com/sintese (adaptado).
           
            Após a revolução socialista de Fidel Castro uma campanha foi lançada para a redução do analfabetismo na ilha. Atendendo ao chamado de seu líder, todos os cubanos que tinham algum conhecimento foram convocados a ensinar, não importa onde, como, quantos e quem fossem. Os alfabetizadores ensinavam quem precisasse, não importando se era em seus povoados ou povoados distantes. No entanto, muitos alfabetizadores (e alunos) foram mortos pelos contra-revolucionários.
“(…) Eu estava estudando secundário e quando veio o chamamento, me incorporei á campanha. Houve também muitos companheiros que ainda eram alunos, gente que tinha 14, 15 anos. Muitos foram às montanhas, e os que não puderam, ficaram nos sues povoados mesmo. Porque na cidade também tinha problema de analfabetismo. (…) Em um ano, muitos morreram, depois de brutalmente torturados. Houve problemas porque havia muitos contra-revolucionários. No primeiro caso que me lembro, foram a casa de um campesino onde  havia um alfabetizador, e mataram aos campesinos e ao jovem alfabetizador. Queriam interferir na campanha, mas não puderam porque todos os cubanos defenderam essa Revolução e estamos defendendo até hoje. (…)”.
Sila Corona Torres, nascida em 1944, uma ex-alfabetizadora e atualmente aposentada da sala de aula. Fonte: http://professoremdia.blogspot.com/2008/05/educao-cubana-vale-apena-ler-tudo.html (adaptado).
Em 1961, após um ano e meio, a Campanha Nacional de Alfabetização fez o índice de analfabetismo de 23,6% cair para 3,9%. Graças à 2.823.34 voluntários, 70.7242 cidadãos sabiam ler e escrever, levando Cuba a se declarar um território livre de analfabetismo.
            Atualmente, a situação é muito melhor ainda: 99% dos alunos do Ensino Fundamental se formam na idade certa; existem vários cursos de licenciatura espalhados em todas as universidades de Cuba; 250.000 docentes (sendo um dos países com um dos melhores índices de habitantes por docentes – 42 habitantes por docente. A média mundial é 103 por um docente. Ver mais números e origens de dados numéricos no anexo[1]).
            Cuba, de fato, conseguiu dar um grandioso salto na educação em pouco mais de quatro décadas. Mas, qual será o segredo? Antes de chegarmos na resposta final, vamos conhecer melhor a educação cubana e seus personagens.
O Sistema Educacional Cubano
            José Martí[2], herói da Independência Cubana, dizia que “ser culto é o único modo de ser livre”. Pois bem, os cubanos levam isso ao pé da letra. Para eles, um cubano que não tem os nove anos de estudo é como um brasileiro sem documento:
“É como um brasileiro sem CPF. Se um cubano não têm os nove anos de estudo, não é ninguém”. Fonte: http://oglobo.globo.com/educacao/mat/2007/02/25/294705812.asp (adaptado).
            A educação em Cuba é gratuita e é dever do Estado. A Constituição de Cuba determina que todos os níveis de educação devem ser gratuitos e é obrigatório que o cidadão estude até o nono ano. A educação é uma coisa tão seria que os pais podem ser multados ou presos caso seus filhos não compareçam na escola.
            O Sistema Educacional Cubano é composto por subsistemas, algo muito parecido com o nosso sistema. Os subsistemas do Sistema Educacional Cubano são[3]:
– Educação Geral Primaria e Especial: até o 6º grau.


[1] Infelizmente, não foi possível localizar informações sobre o Pisa Cubano. O Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos) é uma avaliação internacional padronizada, desenvolvida conjuntamente pelos países participantes da OCDE, aplicada a alunos de 15 anos no ensino regular (7 a série em diante). Em 2006, ela foi aplicada em 56 países (todos os participantes da ODCE e países convidados), sendo avaliado, em cada país, 4.500 e 10.000 alunos. Fonte: http://www.inep.gov.br/internacional/pisa/Novo/oquee.htm (adaptado).
[2] . “(…) É um dos maiores, se não for o maior, herói do povo cubano. Encontra-se bustos de José Martí, espalhados pela cidade de Havana. Comprei alguns de seus livros e realmente Martí foi, talvez, o primeiro cubano a divulgar o ideário de liberdade de um povo. Além de lutar pela libertação de Cuba da Espanha, foi um pensador que deu à educação uma ênfase significativa: ‘Um povo livre é um povo culto’, dizia ele. Os ideais da Revolução de 59 foram inspirados nele. Era jornalista, poeta e revolucionário, criador do Partido Cubano Revolucionário. Nasceu em 1857 e morreu em 1895, na batalha de Boca de los Rios, lutando pela libertação de Cuba contra o colonialismo espanhol. Mesmo tendo falecido com 38 anos deixou uma obra enorme e parte dela dedicada à educação”. (José Luiz de Paiva Bello. Extraído de: http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/cub01.htm (adaptado).
[3]  Em relação às faixas etárias dos alunos da Educação Básica, estas serão mencionadas ao decorrer do texto.
– Educação Geral Secundaria e Pré-Universitária: até 12º grau ou formação técnica e laboral com nível equivalente.
– Educação Universitária (Ensino Superior).
– Educação de Pós-Graduação (Ensino Superior).
Fonte :http://educuba.wordpresss.com/sintese/ 
            Existem dois Ministérios que ficam encarregados de dirigir e executar a política do Estado: o Ministério da Educação (os dois primeiros subsistemas) e o Ministério da Educação Superior (os dois últimos dois subsistemas). Diferente do Brasil, em que o MEC (Ministério da Educação) cuida de todos os níveis, em Cuba os dois ministérios dividem essa função, cuidando respectivamente de seus subsistemas.
            Não existem escolas particulares em Cuba. Todas as escolas são publicas. Assim como o ensino, o almoço e os livros são subsidiados pelo Estado.
            O ano escolar começa no dia 10 de Setembro e vai até a primeira semana de julho (incluído aulas, exames e avaliações periódicas). Os alunos entram às 7:50h e saem às 16:30 h. Às 12:40 h, é o almoço. Das 13:30h às 14:30h, é o período de recreação e, depois disso, até às 16:30h, é aula mais uma vez. Para as crianças na fase da alfabetização, depois do almoço, elas vão dormir. Do horário de entrada até o de saída, o convívio na escola é intercalado aulas teóricas com atividades esportivas. O ano letivo conta com 220 dias por ano.
            A partir da 4º serie, em cada grau são escolhidas as melhores crianças em cada disciplina para serem monitores. Além de ajudarem os colegas nos deveres, os monitores, uma vez por mês, têm a oportunidade de ministrar uma aula, com o auxilio do professor. Nas primeiras series, não é necessário os alunos realizarem essas atividades. Mas, se desejarem, podem realizar atividades semelhantes. Isso tudo motiva deste cedo o gosto pela atividade docente.
Além da educação formal, a informal (desporto, atividades artísticas e culturais e etc.) também faz parte do currículo.
            O conteúdo programático das escolas cubanas se encontra no Livro Reitor[1], que é um programa ministerial. Além de objetivos a serem atingidos por series, o livro contem também orientações metodológicas, não obrigatórias.
            As férias duram aproximadamente um mês e três semanas. Dessas férias, os professores curtem apenas um mês, dedicando o restante para a preparação do ano escolar.
            Algo bastante interessante é que, além dos professores licenciados, existem os “Maestros Emergentes”. Estes professores seriam um tipo de “Professor Técnico”: são estudantes que saem do Ensino Médio e, que durante seis meses, estudam cursos teóricos que incluem disciplinas tradicionais, além de serem apresentados a metodologia de ensino. Após esse período, eles vão lecionar, mas recebendo lições dos mais experientes por pelo menos um ano. Os “Maestros Emergentes” é um projeto recente, criado por Fidel. O ex-líder


[1]  Fonte: http://professoremdia.blogspot.com/2008/05/educao-cubana-vale-apena-ler-tudo.html. Apenas menciona sobre o livro.
cubano além de não estar satisfeito com a formação acadêmica tradicional, queria levar professores a pontos mais distantes. Na educação Infantil, 13.619 são Emergentes.
            Vamos conhecer melhor cada subsistema agora. Apesar de este trabalho ser voltado apenas para a Educação Básica, daremos uma pincelada sobre o Ensino Superior.
Ministério da Educação (MINED): Educação Básica
            Em suma, a estrutura do ensino em Cuba funciona no molde europeu: Educação Infantil, Pré-escolar, Primária, Secundária e Superior.
            O MINED (Ministério da Educação) é o responsável pela Educação Básica em Cuba. A organização deste nível está dividia nas seguintes faixas etárias:
– 0 a 4 anos: Círculo Infantil;
– 5 anos: Pré-Escola;
– 6 a 11[1] anos: Escola Primaria;
– 10 a 12 anos: Escola Secundária;
– 15 a 17 anos: Pré-Universitária, Escola de Ofícios, Secundária Obrero-Campesina e Instituto Politécnico.
 Fonte: www.nupe.ufpr.br/JPE/n3_5.pdf (adaptado). 
            Vamos ver como elas funcionam isoladamente.
Educação Infantil
            A história da Educação Infantil em Cuba começa em 1961, nos Círculos Infantis, no qual recebiam crianças de 45 dias até 5 anos de idade. Os Círculos tinham o objetivo de permitir que a mulher pudesse trabalhar (ou seja, ela deixava os filhos no Círculo e ia trabalhar. Isso fazia com que a mulher entrasse no mercado de trabalho).
            Ou seja, os Círculos Infantis eram espécies de creches. Porem, além de garantir a saúde e a nutrição das crianças, os Círculos preparavam pessoas para trabalhar nos Círculos. Além disso, houve a expansão dos Círculos Infantis.
            Conforme o tempo vai passando vão surgindo institutos especializados (1970). Em 1980, a educação Pré-escolar passa para os cuidados do MINED, que além de atribuí-la ao sistema, criou a licenciatura especifica para essa área.
            Em 1990 surge o programa “Educa a tu Hijo” (numa tradução por cima: Educa o teu Filho). Este programa consiste em orientar os pais, orientação esta de cunho pedagógico e psicológico, para a educação do filho. O mais impressionante é que o programa atua ainda na gestação da criança. Ou seja, a criança já recebe os devidos cuidados antes mesmo de vir ao mundo. O programa dura até a criança entrar na escola. O programa é dirigido por uma divisão do Ministério da Educação (Dirección de Educación Preescolar del Ministerio de Educación) e a formação dos pais costumam ser realizadas em escolas, centro sociais e outras instituições locais.
Educação Primária


[1] Provavelmente o dado neste caso tenha sido repassado errado.
A Educação Primaria, de acordo com o MINED (2008) é dividida pelas seguintes etapas de desenvolvimento do aluno: 5 a 7 anos (pré-escolar ao segundo ano), 8 a 10 (terceiro e quarto ano)  e de 11 a 12 anos (quinto e sexto ano). Cada sala deve ter no máximo 15 e apenas um professor[1].
            Com um ritmo de 8 horas diárias de atividades escolares (5 ou 6 horas de aula e o resto de esportes), a chegarem na quarta serie, os alunos realizam testes de Q.I.
            Caso os alunos estejam desmotivados, os professores deverão procurar algo que o faça voltar a ter o gosto pelo estudo. O objetivo central nesta etapa é que os alunos tenham uma leitura fluente.
Educação Secundária
            A Educação Secundária é dividida em duas etapas: Secundária Geral e Pré-Univérsitária.
            Na Secundária Geral, os alunos possuem uma carga horária mais longa: 7.:30h às 17:30h. A parte da manhã é voltada para as aulas e a parte da tarde para as atividades extracurriculares (esportes, visitas e etc). Com pelo menos mais uma hora de estudos (projetos, pesquisas) em casa, a carga horária chega perto as 10 horas diárias.
            São no total 11 disciplinas estudadas pelos alunos cubanos. Sendo que, três regem todas as demais: Espanhol, Matemática e História.
            Uma vez por semana, os alunos têm duas horas de aula de Informática. No entanto, o ensino nessa área é altamente frustrante: os equipamentos são todos ultrapassados. Enquanto nós trabalhamos com computadores Windows XP (ou o Windows 7) e com leitores de CD ou DVD, eles trabalham com MS-DOS e fitas[2].
            Além das “matérias tradicionais”, existem os “trabalhos manuais”. Na 7ª, homens e mulheres cursam desenho; na 8ª talham madeira e na 9ª, homens trabalham exclusivamente com madeira e as mulheres com costura.
            Já a segunda etapa da Educação Secundária é regida pela nota média adquirida na 9ª. Notas altas indicam facilidades para a vida pré-universitária (o que todos os pais desejam). Já as baixas levam para os cursos técnicos (o que os pais não desejam).
Ministério da Educação Superior (MES): Educação Superior
            O MES é responsável pela gestão das Universidades e de Institutos afins, que formam profissionais em suas áreas de atuação. A Educação Superior, além do MES, possui mais sete ministérios (que cuidam da formação de profissionais na área da saúde, artes e etc), um escritório, um comitê e um instituto nacional[3].
 A Educação Superior e A Universalização do Ensino Superior
            Ao chegarem no 12º ano de estudos (o 3º ano do médio para nós), os alunos estão aptos a cursarem o ensino superior. O ensino superior também é gratuito e pára entrar nas instituições é necessário realizar um exame de ingresso. Se não for aprovado, o estudante vai para programas de superação.
            Com um grande número de universidades e estruturas similares, atualmente Cuba tem o grande plano de universalizar a educação superior no país. Implantado em 2003, Cuba tem a meta de conseguir, em 10 anos, integrar os jovens de 18 a 25 anos. Além disso, têm o objetivo também de trazer de para a vida acadêmica trabalhadores que abandonaram seus estudos antes de concluir um curso superior. Está inclusão dos trabalhadores seria realizada pelos “programas de superação” [4]. Bem, curso é que não falta para esse pessoal: 95 cursos, incluindo Graduação e Pós-Graduação.
            Além disso, o plano de universalização está preparando os professores que vão atuar neste tipo de docência. Em todos os cursos está ocorrendo uma especialização ou formação pedagógica. Ou seja, estão se formando professores de medicina, professores de economia e afins.
            Porem, o governo só proíbe uma coisa: nada de lucro! Depois de formados, os universitários não podem ganhar particularmente com suas profissões. Sendo mais claro: se você se formou em medicina e quer montar um consultório particular, o governo barra! Agora, se você se formou em medicina e quer dirigir um taxi, não tem problema nenhum.
A Relação Estado, Escola e Família
            Em Cuba, a Educação é estatal e gratuita[5], em todos os níveis. O estado cubano é responsável pela estruturação escolar e pelo funcionamento de um Sistema Nacional da Educação, apoiado em cinco princípios:
– Do caráter em massa e com equidade da educação;
– Do estudo e trabalho;
– Da participação democrática de toda a sociedade nas tarefas da educação do povo;
– Da educação e da escola aberta à diversidade;
– Do atendimento diferenciado e a integração escolar.
            A formação das novas gerações é construído num processo docente educativo integral, sistemático, participativo e em constante desenvolvimento.
            A Educação é dever e direito de todos, não importando qual a idade, sexo, raça, religião ou lugar de residência, tanto no nível básico como no nível superior


[1] Em Cuba, os cursos de formação de professores são dirigidos para cada etapa: Ed. Infantil, Primário, Secundário Básico, Educação Especial, Educação de Adultos e etc. Ou seja, se uma pessoa quer ensinar adultos, ela deve se formar na Educação de Adultos. Diferente dos professores brasileiros, que realizam apenas um curso e podem ensinar várias modalidades.
[2] A questão da informática é tão desmotivadora que não há esforço de se ensinar os alunos a usarem os 10 dedos para digitar, como costumamos ensinar. Além disso, a digitação (datilografia) é considerada pelos meninos uma função feminina.
[3] O MINED é incluído dentro desse conjunto de ministérios e órgãos. Dirige as Ciências Pedagógicas.
[4] Não fica claro no artigo onde foi retirada essa informação o que é são esses programas de superação. Podem ser cursinhos, Educação de Jovens e Adultos e etc.
[5] Em relação ao investimento feito por Cuba na Educação, ver números no anexo.
O ensino é universalizado, ou seja, abrange a Escola Primária e a Escola Secundária, como também o estabelecimento que engloba todos os tipos e níveis de educação, inclusive para aqueles que possuem problemas físicos ou mentais (Educação Especial).
            A sociedade é vista como uma grande escola. Para garantir os níveis atingidos na educação e sua qualidade, o apoio e a ação de todas as organizações e instituições sociais e não governamentais são figuras presentes na educação cubana.
            As escolas são consideradas instituições totais[1]. As escolas não são apenas para ensinar, mas também são para fornecer saúde e lazer. Há um médico e uma enfermeira nas escolas.
            Assim, além de aprender, o aluno[2] tem sua saúde, seus dentes, seu peso e altura, vacinas, nutrição e até mesmo piolhos verificados na escola.
            Os alunos devem freqüentar, obrigatoriamente, nove anos de escola. Cabe aos pais cuidar da freqüência de seus filhos. Os pais são muito exigidos neste ponto: dois dias de falta já causa visita de alguém da escola na casa da família. Se o aluno deixar de freqüentar regulamente a escola, os pais podem arcar pesadamente com isso: repressão em publico, multa e até cadeia.
            No começo das férias, os pais são chamados para uma reunião com professores. Os pais também são convidados a participar dos primeiros dez minutos de aula, que são dedicados ao hino nacional, questões morais e cívicas e assuntos organizacionais. A educação cívica é algo de suma importância no currículo escolar.
            Não de se espantar que o modelo teórico seja da psicologia da antiga União Soviética. Os alunos passam um mês em acampamentos colhendo laranjas ou trabalhando nas plantações de cana-de-açúcar ou tabaco. Mutirões de trabalho para limpar as escolas durante as férias ou consertar seus moveis são realizados.
O Professor – Um Grande Profissional Cubano
            Em um país onde o orgulho nacional é a educação, o professor é um dos profissionais mais respeitados, mas também um dos mais exigidos.
            Os professores da Educação Básica passam cinco anos estudando em cursos de graduação plena de nível superior[3]. Os estudantes possuem tanto uma universidade gratuita para realizarem seus estudos, como também meios de colocá-los em prática durante esse período. Além disso, mesmo após formados, os professores passam por formação continua também gratuita.


[1] Tradição russa.
[2] Em relação aos alunos, existe algo a ressaltar: para evitar a exclusão ou segregação no ambiente educativo, é realizado um diagnóstico do menino ou menina, de sua família e meio (região, grupo social)  e de como se relaciona com ele.
[3] Existem 3 Institutos articulados de formação dos professores: Instituto Pedagógico Latinoamericano y Caribeño, Institutos Superiores Pedagógicos Enrique José Varona e Héctor Piñeda (todos em Havana) e 16 universidades pedagógicas espalhadas em todas as províncias cubanas (Fonte: www.nupe.ufpr.br/JPE/n3_5.pdf ).
            Os cinco anos de estudo são divididos em duas etapas. A primeira parte, que é o 1º ano de vida na universidade, consiste mais na parte teórica. Os estudantes são preparados para o trabalho universitário independente e também para os conhecimentos específicos voltados para o ensino (formação psicológica, pedagógica e sociológica do futuro docente). Essa fase teórica-intesiva é cursada em tempo integral, com 6 horas de aula por dia. Ou seja, elas estudam em um ano o que um estudante brasileiro de licenciatura estuda em 2 anos.
            A segunda etapa, que vai até o fim do curso, é a pratica, ou o nosso “estágio”. Porem, diferente de nós, que muitas vezes ficamos sem saber para onde ir, em Cuba os alunos são mandados para as “micro-universidades”. Essas micro-universidades, em conjunto com sedes universitárias criadas nos municípios, não são nada menos que escolas comuns. Os futuros professores são orientados tanto por professores comuns (com relativa experiência, claro) e professores tutores (“professores universitários”). Os estudantes universitários não se afastam totalmente da vida acadêmica, pois ainda realizam pesquisas e coisas afins. No entanto, o que chama mais a atenção neste “estágio prolongado” é o fato de que o que rege a teoria e a pratica são os problemas apresentados na pratica escolar. Ou seja, é pelos problemas passados na sala de aula que irão reger seus estudos e pesquisas. Enfim, se você quer ser um professor em Cuba, você tem que conhecer a sala antes de fazer teorias sobre ela.
            Todo o material necessário para os estudos é fornecido de forma gratuita pelo sistema cubano. Além disso, após formados, o estado fornece o emprego, assim como a formação permanente.
            Se a formação já impressiona, imagina a vida de um professor cubano.
            A carga horária de um professor por semana é de 40 a 44 horas. Sendo que, 16 a 20 sejam de sala de aula. As 20 restantes são reservadas para o preparo das aulas e a interação do professor com seus alunos. Os professores costumam preparar suas aulas e seus materiais pedagógicos entre si. Ou seja, os professores trocam seus problemas e soluções entre eles (se considerarmos como eles são formados, não é de se espantar essa troca de experiências).
            Como se percebeu, tempo não é problema para os professores cubanos. Uma vez por semana eles podem fazer aperfeiçoamento profissional. E, como já vimos, o estado paga.
            As turmas não costumam ser grandes: 10 alunos por sala. Nas escolas primárias, apenas um professor fica com a turma durante as 4 primeiras series. Nas duas ultimas a turma ganha mais um professor.
            Carga horária boa, tempo livre para se aperfeiçoar, turmas pequenas… O que ainda falta a mencionar?
            E o salário?
            Sim… O velho dizer: “Professor ganha mal!”.
            Mundialmente, o salário de um professor cubano é considerado baixo: 235 Pesos (1999) para um professor primário (um diretor ganha 600 Pesos). Convertido em Dólar, vale 10 Dólares.
            Então, a principio, um professor brasileiro ganha mais, apesar das condições de trabalho nada satisfatórias.
            Como pode então um profissional com uma formação e uma qualidade tão boa ganhar tão pouco em Cuba?
            A resposta: veja a situação com olhos cubanos.
             Cuba funciona com Pesos e Dólar. A maior parte lida com Pesos. Graças ao regime, que regra tudo o que é gasto, e que fornece vários serviços de forma gratuita (professores tem seguro de saúde e estudo gratuitos), 235 Pesos não é algo tão ruim. Mas, com o Dólar, as coisas apertam: um refrigerante custa dois dias de trabalho…
            Outra coisa que ajuda é que, como as outras profissões têm salários próximos, não existe uma “briga de profissões”. Até por que, a educação sendo o orgulho nacional, ser professor não é algo tão ruim para a auto-estima.
 Além disso, os professores que se saem bem ganham gratificações.
            Como os alunos são sempre avaliados para verificar sua qualidade, as turmas que saem bem farão com que seus professores recebam mais. Porem, os alunos que se saem mal, fazem com que o professor perca esse acréscimo.
            Ou seja, em Cuba, a qualidade da turma é regida pela qualidade do professor. Professor bom, turma boa. Professor péssimo, turma péssima. Professor bom, gratificação. Professor péssimo, nada de gratificação!
            O que vemos no fim de tudo é que os professores cubanos devem mostrar serviço! E eles não têm para onde fugir… Até por que, eles não têm o que reclamar.
Com tudo o que eles recebem e a vida profissional que tem, ser professor em Cuba é tudo de bom!
As Escolas Cubanas – A Grande Contradição (aos nossos olhos)
            Com um ensino de qualidade e com a ambição de ir mais longe, deve-se imaginar que as escolas cubanas devem ter uma estrutura e equipamentos impecáveis. Porem, isso é apenas imaginação. Na realidade, as escolas cubanas estão “caindo aos pedaços”.
            Em uma visita a uma escola primária cubana, Claudio de Moura Castro (1999) descreveu a condição da escola:
“O edifício é de estilo ‘moderno’ e lembra uma arquitetura dos anos sessenta. (…) Os corredores estão imundos, as salas de aula quase em ruínas e o escritório do diretor em mau estado. Nem os professores e nem o diretor tinham um aspecto bem cuidado ou estavam bem vestidos”.
Fonte: http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/cub02.htm (adaptado).
            Ao visitar uma escola secundária, a situação não foi muito diferente:
“(…) o prédio oferece tudo o que uma escola séria deve ter. Exceto manutenção. O chão perdeu todas os vestígios de cera. As carteiras e cadeiras estão em um estado lamentável, (…) Estão operacionais (os laboratórios), mas não causam muito entusiasmo. A biblioteca exibe, na sua maioria, livros velhos, alguns muito velhos. (…) De livros novos, somente algumas publicações da UNESCO”;
Fonte: idem (adaptado).
            Após esses aspectos internos (físico x pedagógico) e de essência x aparência, fica a pergunta: então, como pode uma das melhores educações do mundo ter escolas tão ruins neste aspecto?
            A grande verdade é que a questão “estrutura física” não é algo relevante na educação cubana. Se levarmos em conta a Campanha Nacional de Alfabetização, em que os alfabetizadores ensinavam em condições muito piores e obtiveram altíssimos resultados, a manutenção dos prédios e equipamentos são coisas irrisórias e pequenas demais.
            Ao invés de gastar dinheiro no físico, Cuba prefere investir na formação de seus profissionais e nos estudos de seus alunos. Para se ter uma idéia, se gasta mais comprando livros didáticos (fornecidos atualmente pela Espanha e México) do que fazendo manutenção em equipamentos e prédios.
            É como se, para Cuba, o que o aluno leva para a vida é o conhecimento,e não a carteira da sala de aula.
Qual é o Segredo de Cuba?
            Depois de tudo isso, acho que podemos responder essa pergunta.
            Alem do pequeno território, os seguintes pontos explicam o sucesso de Cuba (Claudio, 1999. Adaptado):
– Quanto mais se estuda, mais se aprende;
– As escolas são capazes de individualizar a instrução para cada aluno;
– Os professores são bem recrutados e bem treinados;
– Prestação de contas por parte dos professores;
– A escola é uma instituição total.
            E esse é o segredo de Cuba.
Conclusão
            Vimos durante todo este trabalho como Cuba, um país dito como ultrapassado por seus irmãos de continente, conseguiu vitorias e resultados grandiosos na área da educação. Como também ainda continua lutando para garantir essa qualidade.
            E, o mais forte de tudo: todos em Cuba acreditam que a educação pode mudar a vida das pessoas.
Bibliografia
http://avanteeducadores.blogspot.com/2010/02/educacao-de-cuba-e-melhor-da-america.html (Educação de Cuba é a Melhor da América Latina. Escrito por Opera Mundi, em 09/02/2010. Publicado em 12/02/10).
http://educuba.wordpresss.com/sintese/ (O “Sistema da Educação” em Cuba).
http://embacu.cubaminrex.cu/Default.aspx?tabid=2213 (A Educação).
http://fobe.wikispaces.com/Nosso+passeio+por+Havana (Nosso Passeio por Havana…).
http://www.inep.gov.br/internacional/pisa/Novo/oquee.htm (Programa Internacional de Avaliação de Alunos – PISA. O Que é?)
www.nupe.ufpr.br/JPE/n3_5.pdf (TORJAN, Rose Meri. Educação Básica e Formação Docente em Cuba: Prós e Contras. Jornal de Políticas Educacionais. Nº 3. Janeiro-Junho de 2008. PP. 53-64). 
http://oglobo.globo.com/educacao/mat/2007/02/25/294705812.asp (Em Cuba, educação é prioridade; lucro é proibido. Publicada em 25/02/2007 às 22h19m. Autor: Valeira Maneiro, Extra).
http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/cub01.htm (Diário de Cuba. A Viagem para o Congresso Pedagogia 2001 Encuentro por la Unidad de los Educadores Latinoamericanos e um Pouco Sobre a Educação Cubana, por José Luiz de Paiva Bello
Havana/Rio de Janeiro – 2001. BELLO, José Luiz de Paiva. Diário de Cuba. Pedagogia em Foco, Havana/Rio de Janeiro, 2001).
http://pedagogiaemfoco.pro.br/cub02.htm (CASTRO, Claudio de Moura. Escolas feias, escolas boas?. Ensaio, Rio de Janeiro: Fundação Cesgranrio, v.7, n.25, p.342-354, out./dez.1999).
http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/cub03.htm (Cuba: um mestre para cada 42 habitantes, por Pedro Meluzá López
Especial da Agência de Informação Nacional
outubro, 2000. LÓPEZ, Pedro Meluzá. Cuba: um mestre para cada 42 habitantes. Pedagogia em Foco, Havana, 2000).
http://pedrotestijir.blogdpot.com/2010/03/educacao-cubana-apenas-um-rabisco (Educação cubana, apenas um rabisco. Blog do Pedro Testi Junior. Trabalho elaborado por: Débora, Dani, Kátia, Marta, Pedro, Tamires e Vivian. Postado por Pedro Testi Junior às 09:42. Segunda-feira, 15 de Março de 2010).
http://professoremdia.blogspot.com/2008/05/educao-cubana-vale-apena-ler-tudo.html (Educação Cubana – Vale apena ler tudo. Autor: Naira Hofmister, de Havana, Cuba. Postado na terça-feira, 20 de Maio de 2008, por Vanessa Tavares, às 08:13).
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cuba (Cuba).
Acessados entre os messes de maio, junho, julho e agosto de 2010.
Imagens
Google Imagens:
http://fobe.wikispaces.com/Nosso+passeio+por+Havana
profcmazucheli.blogspot.com/2009/09/escola-pr… 
gerson.leite.zip.net/ 
www.arcoweb.com.br/artigos/arquetipos-como-a-…
Desenho “O símbolo da revolução cubana não é o fuzil. É o livro”: Terezinha do Nascimento Pereira Filha. Aluna do 4º semestre do Curso de Letras Português / LiteraturaLicenciatura, da Universidade Estadual do Ceará, turno Manhã. Aluna da disciplina Estrutura e Funcionamento do Ensino Fundamental e Médio.
Acessados em julho de 2010.
Obs: a bibliografia dos dados numéricos do anexo está inclusa na bibliografia utilizada nos textos.

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