FORMAÇÃO CULTURAL DOCENTE NO ENSINO SUPERIOR

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação – Curso de Mestrado da Universidade Estadual do Ceará, como requisito para obtenção do título de Mestre em Educação. Linha de Pesquisa: Formação e Desenvolvimento Profissional em Educação
Núcleo: Desenvolvimento Docente, Currículo e Inovação
Orientadora: Profa. Dra. Isabel Maria Sabino de Farias

RESUMO:
Este trabalho dissertativo traz a lume a discussão acerca da Formação cultural docente no Ensino
Superior. Trata-se de um estudo de tipo etnográfico que objetivou centralmente discutir gostos e
práticas culturais, entendendo-as como uma dimensão tangível da formação cultural dos indivíduos e
buscando estabelecer mediações com a atividade docente. Foram investigadas quatro professoras
doutoras da área de Ciências Humanas. Por meio de observação participante, entrevista e aplicação de
questionário, foi realizado o mapeamento das práticas culturais das docentes. As atividades culturais
ganham bastante relevo na sociedade contemporânea, vez que novos formatos de colonização cultural
se apresentam, de maneiras mais eficazes e duradouras. Essa colonização apresenta-se em diversas
dimensões da vida dos indivíduos, desde a programação televisiva aos espaços de lazer. Nesse sentido,
rastrear as práticas culturais das quatro docentes aqui investigadas permitiu muito mais que situá-las
simplesmente em seu contexto de trabalho. Partimos do pressuposto de que quanto maior a
escolarização maior a formação cultural. Todavia, infere explicar que a posse do diploma não é o
suficiente para indicar uma formação ou um determinado nível cultural, mas se sabe que, quanto mais
se sobe na hierarquia social, mais há uma probabilidade de pertencimento a um meio culto. Elegeu-se,
para tanto a família e a escola como as duas instituições socialmente legitimadas para formação dos
indivíduos, capazes de formularem competências culturais, dotadas de potencial para a constituição de
um habitus e um capital cultural. O conceito de indústria cultural mostrou-se atual quando se analisou
preferências musicais e literárias. Contudo, necessário se faz ressalvar que o consumo da produção
dos bens simbólicos não se dá de maneira passiva, pois o receptor é também um sujeito produtor de
sentidos. Há um processo de mediações que não pode ser negado, ou negligenciado. O estudo permitiu
traçar em linhas gerais algumas reflexões voltadas para a formação cultural e suas múltiplas
articulações, dentre as quais a escola aparece como instituição cultural da civilização, repleta de
sistemas simbólicos e também dimensionada para o controle e a ordem. O mapeamento das práticas
culturais das quatro docentes doutoras revelou origem familiar, preferências literárias e musicais,
preferências televisivas, frequência em museus, cinemas e teatros, bem como a leitura de jornais e
revistas. Dentre as práticas de lazer, as docentes mostram frequência em praias, cafeterias, festas e
viagens. O estudo evidenciou que há uma relação entre origem familiar, renda, nível de instrução e
profissão, visto que as práticas culturais se dão a partir de condições de classe. As professoras
mostraram frequência regular em todos os espaços tidos como legítimos da cultura. A frequência em
museus mostrou-se associada à viagens, sendo o exercício profissional, por meio do espaço
acadêmico, propiciador de novas experiências. A leitura aparece como um habitus, uma disposição
adquirida num processo duradouro de formação. As práticas averiguadas, embora tenham se tratado de
um número pequeno, mostraram-se dissonantes.
Palavras-chave: Cultura. Docência. Ensino Superior. Formação.

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