Muitas pessoas me perguntam qual o segredo dos brilhantes resultados auferidos pela educação na Finlândia e encontrei vários artigos que compilei abaixo e que explicam o eficiente sistema educacional finlandês o qual envolve a família no processo.
A Finlândia tem escolas que não cobram disciplina rígida, que não incentivam a competição. Os projetos pedagógicos são focados nas artes e na cultura geral; as salas de aula freqüentemente têm todo tipo de instrumentos musicais e as escolas primam pela arquitetura, com projetos e móveis premiados. Tudo isso sem que qualquer uma das 3.500 escolas cobre um centavo da população, hoje com 5 milhões de habitantes. Até os poucos estabelecimentos privados são gratuitos. Ninguém paga nada também para cursar universidade até o doutorado ou escolas técnicas.
A Finlândia consegue ter os alunos mais bem preparados do mundo com medidas simples e ênfase na formação dos professores:
A Finlândia consegue ter os alunos mais bem preparados do mundo com medidas simples e ênfase na formação dos professores:
1. Gasto público em educação: a Finlândia é um dos países que mais investem em educação em relação ao PIB (6,1%). No Brasil, são 3,9% do PIB. O fato de a Finlândia ser a nação com menor índice de corrupção do mundo faz com que o aproveitamento do dinheiro seja ainda maior.
2. A exigência com os professores é alta e a carreira, concorrida e muito valorizada por toda a sociedade. O vestibular para ser professor é um dos mais disputados do país. Apenas 10% dos candidatos são aprovados. Exceto na pré-escola, o mestrado é pré-requisito para lecionar.
Do ponto de vista funcional, há um grande investimento nos anos iniciais da educação: os melhores professores são normalmente direcionados para as primeiras séries, para garantir a boa formação já na educação básica dos alunos. O aprendizado e o desenvolvimento de habilidades para vencer desafios desde o início permitem aos alunos um melhor desempenho em sua vida escolar e, posteriormente, acadêmico. Um resultado mais homogêneo ao final da escolaridade dos alunos é um dos fatores fundamentais de sucesso nos exames internacionais.
A profissão de maior prestígio social é a do professor e não por razões financeiras, mas pela importância que a sociedade finlandesa dá à educação das suas crianças e jovens. Nesse país o sucesso financeiro é irrelevante. Normalmente são os melhores alunos do Ensino Médio que prestam exames para seguir esta carreira. Em tempo: o salário do professor finlandês é comparável ao de um professor de escola particular brasileiro.
2. A exigência com os professores é alta e a carreira, concorrida e muito valorizada por toda a sociedade. O vestibular para ser professor é um dos mais disputados do país. Apenas 10% dos candidatos são aprovados. Exceto na pré-escola, o mestrado é pré-requisito para lecionar.
Do ponto de vista funcional, há um grande investimento nos anos iniciais da educação: os melhores professores são normalmente direcionados para as primeiras séries, para garantir a boa formação já na educação básica dos alunos. O aprendizado e o desenvolvimento de habilidades para vencer desafios desde o início permitem aos alunos um melhor desempenho em sua vida escolar e, posteriormente, acadêmico. Um resultado mais homogêneo ao final da escolaridade dos alunos é um dos fatores fundamentais de sucesso nos exames internacionais.
A profissão de maior prestígio social é a do professor e não por razões financeiras, mas pela importância que a sociedade finlandesa dá à educação das suas crianças e jovens. Nesse país o sucesso financeiro é irrelevante. Normalmente são os melhores alunos do Ensino Médio que prestam exames para seguir esta carreira. Em tempo: o salário do professor finlandês é comparável ao de um professor de escola particular brasileiro.
3. Ênfase nos professores: o mestrado é pré-requisito para um professor ser contratado na Finlândia (100% dos professores têm). No Brasil, basta ter o diploma de nível superior, que se tornou obrigatório no ano passado (2% têm mestrado).
Na Finlândia, ninguém se forma sem antes fazer o básico: entrar numa sala de aula na função de professor. Não se trata de um estágio comum. Os universitários são acompanhados por espécies de tutores, professores experientes cujo papel é orientar os novatos do momento em que se sentam para planejar uma aula até quando corrigem a lição. Mais do que isso: aos tutores é designada a tarefa de avaliar o desempenho dos aspirantes a professor, corrigir eventuais falhas e ensinar tudo na prática – chance que os estudantes brasileiros raramente têm.
Na Finlândia, ninguém se forma sem antes fazer o básico: entrar numa sala de aula na função de professor. Não se trata de um estágio comum. Os universitários são acompanhados por espécies de tutores, professores experientes cujo papel é orientar os novatos do momento em que se sentam para planejar uma aula até quando corrigem a lição. Mais do que isso: aos tutores é designada a tarefa de avaliar o desempenho dos aspirantes a professor, corrigir eventuais falhas e ensinar tudo na prática – chance que os estudantes brasileiros raramente têm.
4. A mesma qualidade para todos. A discrepância no desempenho entre as escolas do país é a menor do mundo. O governo mantém um sistema sigiloso de avaliação das escolas (99% são públicas) e os diretores são informados sobre o desempenho delas.
Possui um interessante método de democratização de acesso a boas escolas: o governo considera que o crédito de educação é dos cidadãos e cabe a eles decidirem se será gasto em escolas públicas ou privadas, ou seja, o aluno escolhe a escola onde quer estudar e o governo municipal transfere para essa escola, pública ou privada, o valor correspondente ao crédito educativo desse aluno. Com isso, eles conseguem criar um clima de competição sadia entre as escolas, uma vez que cada escola precisa ter mais alunos para receber mais verba, que por sua vez irão escolher a escola de acordo com os seus valores e critérios pessoais. É uma forma de estimular a diversidade e de incentivar as instituições de ensino a se atualizarem e desenvolverem novos projetos educacionais.
5. Os piores alunos não são deixados para trás. Dois em cada dez estudantes recebem aulas de reforço. Por causa disso, os índices de repetência são baixíssimos.
O combate à repetência é realizado pela implantação de um sistema para atende r os estudantes com dificuldade de aprender, à parte das aulas. O reforço escolar é levado tão a sério que em cada escola há alguém designado para ministrar as tais aulas particulares. Esses professores não costumam se queixar. Ganham mais e têm boas condições de trabalho: são treinados durante um ano para a função e ainda contam com a ajuda de psicólogos para lidar com os casos mais difíceis. Não é pouca gente que freqüenta esse tipo de aula: cerca de 30% dos alunos. A decisão de investir aí se provou acertada – até do ponto de vista financeiro. Cada aluno que repete custa algo como 20.000 dólares a mais aos cofres públicos. Ao fazerem as contas, os especialistas concluíram que custa menos pagar pelo reforço escolar. Depois dele, a reprovação sempre despenca – algo que em países campeões em repetência como o Bras il é emergencial – e o ensino melhora.
6. Os ambientes de aprendizagem são especialmente criados para fazer da experiência escolar uma atividade mais agradável.
Possui um interessante método de democratização de acesso a boas escolas: o governo considera que o crédito de educação é dos cidadãos e cabe a eles decidirem se será gasto em escolas públicas ou privadas, ou seja, o aluno escolhe a escola onde quer estudar e o governo municipal transfere para essa escola, pública ou privada, o valor correspondente ao crédito educativo desse aluno. Com isso, eles conseguem criar um clima de competição sadia entre as escolas, uma vez que cada escola precisa ter mais alunos para receber mais verba, que por sua vez irão escolher a escola de acordo com os seus valores e critérios pessoais. É uma forma de estimular a diversidade e de incentivar as instituições de ensino a se atualizarem e desenvolverem novos projetos educacionais.
5. Os piores alunos não são deixados para trás. Dois em cada dez estudantes recebem aulas de reforço. Por causa disso, os índices de repetência são baixíssimos.
O combate à repetência é realizado pela implantação de um sistema para atende r os estudantes com dificuldade de aprender, à parte das aulas. O reforço escolar é levado tão a sério que em cada escola há alguém designado para ministrar as tais aulas particulares. Esses professores não costumam se queixar. Ganham mais e têm boas condições de trabalho: são treinados durante um ano para a função e ainda contam com a ajuda de psicólogos para lidar com os casos mais difíceis. Não é pouca gente que freqüenta esse tipo de aula: cerca de 30% dos alunos. A decisão de investir aí se provou acertada – até do ponto de vista financeiro. Cada aluno que repete custa algo como 20.000 dólares a mais aos cofres públicos. Ao fazerem as contas, os especialistas concluíram que custa menos pagar pelo reforço escolar. Depois dele, a reprovação sempre despenca – algo que em países campeões em repetência como o Bras il é emergencial – e o ensino melhora.
6. Os ambientes de aprendizagem são especialmente criados para fazer da experiência escolar uma atividade mais agradável.
7. O aprendizado de outras línguas é um ponto forte. Em geral, os alunos possuem excelente domínio da língua inglesa, cujo ensino apresenta aspectos metodológicos e funcionais que garantem este sucesso na aprendizagem da segunda língua.
8. O uso da tecnologia e da arte em propostas pedagógicas são elementos fundamentais para a formação dos alunos. Além disso, as escolas finlandesas valorizam a diversidade cultural, o que também traz benefícios para a educação.
FONTES:
http://educarparacrescer.abril.com.br/indicadores/materias_296110.shtml (artigo publicado por Thomaz Favaro em 19/08/2008)
FONTES:
http://educarparacrescer.abril.com.br/indicadores/materias_296110.shtml (artigo publicado por Thomaz Favaro em 19/08/2008)
http://blog.estadao.com.br/blog/renata/?title=mais_tristeza_no_pais_da_melhor_educacao&more=1&c=1&tb=1&pb=1&cat=646 (artigo publicado por Thomaz Favaro em 19/08/2008)
http://www.vila.com.br/reportagem7.asp (artigo primeiro semestre de 2007) http://veja.abril.com.br/180608/p_128.shtml (artigo sem data – ed. de 2005)
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http://www.vila.com.br/reportagem7.asp (artigo primeiro semestre de 2007) http://veja.abril.com.br/180608/p_128.shtml (artigo sem data – ed. de 2005)
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Finlândia é nota dez em educação
Como o país produziu o sistema mais eficiente do mundo
Carmen Morán
Enviada especial a Helsinque
Enviada especial a Helsinque
Às 8 da manhã Marku Keijonen entra na escola. Ele tem 42 anos e é o diretor do colégio Porolahden Perus, em Helsinque. A primeira atividade do dia é ligar o computador. “Não é uma coisa superficial: ao abrir meu correio encontro as cartas dos pais de alunos, que tenho de responder.” As famílias estão em contato permanente com o colégio, e é aos pais que o diretor tem de prestar contas de seu trabalho, em primeiro lugar.
Finlândia. Neste país de noites brancas e sombras eternas, conforme a estação (agora anoitece às 4 da tarde), as estatísticas sorriem. O Fórum Econômico Mundial diz que tem a economia mais competitiva do mundo; é o país da Europa dos 15 com maior difusão de periódicos por habitante (430 por mil); taxa de fecundidade notável, 1,7 filho por mulher (a média européia é 1,4). Mas talvez sejam os resultados escolares de seus estudantes o que causou mais alegrias nos últimos tempos. O relatório PISA 2003, que mede o rendimento educacional dos países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), publicado há algumas semanas, novamente situa a Finlândia como país exemplar: é o primeiro colocado em matemática, em compreensão da escrita e em cultura científica (junto com o Japão).
Os professores não sabem muito bem o motivo desses dados. Investem-se 5,8% do PIB em educação, mas outros países também o fazem; seu clima adverso deixa as crianças em casa, em contato com os livros, mas na Islândia ou na Dinamarca também não faz calor; suas classes têm os níveis de imigração mais baixos da OCDE. Mas todas essas coisas não explicam por si sós o êxito repetido. Os professores, e a própria ministra da Educação, Tuula Haatainen, o atribuem em grande medida à sólida formação dos docentes e a um quadro educacional muito claro. “Temos um sistema uniforme, obrigatório e gratuito que garante a eqüidade e o acesso para todos; o corpo docente é altamente qualificado e as mães, incorporadas ao sistema de trabalho, são as primeiras a motivar seus filhos a estudar”, resume a ministra.
Finlândia. Neste país de noites brancas e sombras eternas, conforme a estação (agora anoitece às 4 da tarde), as estatísticas sorriem. O Fórum Econômico Mundial diz que tem a economia mais competitiva do mundo; é o país da Europa dos 15 com maior difusão de periódicos por habitante (430 por mil); taxa de fecundidade notável, 1,7 filho por mulher (a média européia é 1,4). Mas talvez sejam os resultados escolares de seus estudantes o que causou mais alegrias nos últimos tempos. O relatório PISA 2003, que mede o rendimento educacional dos países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), publicado há algumas semanas, novamente situa a Finlândia como país exemplar: é o primeiro colocado em matemática, em compreensão da escrita e em cultura científica (junto com o Japão).
Os professores não sabem muito bem o motivo desses dados. Investem-se 5,8% do PIB em educação, mas outros países também o fazem; seu clima adverso deixa as crianças em casa, em contato com os livros, mas na Islândia ou na Dinamarca também não faz calor; suas classes têm os níveis de imigração mais baixos da OCDE. Mas todas essas coisas não explicam por si sós o êxito repetido. Os professores, e a própria ministra da Educação, Tuula Haatainen, o atribuem em grande medida à sólida formação dos docentes e a um quadro educacional muito claro. “Temos um sistema uniforme, obrigatório e gratuito que garante a eqüidade e o acesso para todos; o corpo docente é altamente qualificado e as mães, incorporadas ao sistema de trabalho, são as primeiras a motivar seus filhos a estudar”, resume a ministra.
O sistema educacional finlandês é público e gratuito desde a infância até o doutorado na universidade. Além disso, é obrigatório dos 7 aos 16 anos. Nessa etapa todos estudam a mesma coisa e o governo pretende que o façam no mesmo edifício, ou o mais perto possível, para garantir um acompanhamento continuado do aluno.
O Estado define 75% de disciplinas comuns e o resto é organizado pelo colégio, com a participação ativa de estudantes e famílias. Há ampla liberdade para projetar o dia-a-dia escolar, portanto não é fácil falar do sistema de maneira geral. Mas há alguns aspectos comuns. A formação dos professores é um deles. Todos têm de ter cinco anos de formação, um terço da qual será de conteúdo pedagógico. “Não basta saber matemática”, dizem. E a maioria, como lembra a ministra, tem um ano a mais de estudos, um mestrado.
Os professores acreditam que o salário poderia ser um pouco maior que os cerca de 2.300 euros (R$ 8.300) brutos por mês; mas estão contentes com as 13 longas semanas de férias por ano (os espanhóis têm mais de 16). A jornada semanal é de 37 horas, mas nem todas são de ensino em classe. Quando perguntados, não duvidam: são professores por vocação e estão motivados. Talvez porque têm valorização social e prestígio entre seus compatriotas. “Em geral contamos com a confiança dos pais, embora isso esteja decaindo”, diz Tuula Tapaninen, orientadora do colégio Porolahden Perus.
Do outro lado de Helsinque, a diretora do colégio Alppila, Aulikki Kalalahti, indica outro dado que explica a motivação dos professores: “Eles têm liberdade para trabalhar com os alunos e vêem que conseguem êxito com eles”.
Relação fluida
Os professores trabalham lado a lado com as famílias, com as quais mantêm uma relação fluida. Em janeiro o colégio Alpilla organiza jornadas de apresentação, das quais participam os pais, para conhecer seu método de trabalho. Se gostarem poderão optar livremente por matricular seus filhos ali. Os pais podem escolher a escola, mas costumam preferir a mais próxima. O Alpilla mantém com a escola primária que lhe corresponde pela proximidade uma estreita sintonia, que favorece o acompanhamento dos alunos até o final da etapa obrigatória.
Cinqüenta por cento dos alunos que se matriculam dos 13 aos 16 anos vêm dessa escola, mas a outra metade procede de qualquer parte de Helsinque. O colégio ganhou fama em comunicação e expressão. É um exemplo de um fenômeno recente na educação local: a especialização de alguns colégios em música, matemática, esportes… Quando um aluno se destaca em alguma dessas disciplinas, os pais tentam matriculá-los nesses colégios, embora alguns imponham um teste para avaliar as habilidades do aspirante. Se houver lugar, está dentro.
A oferta e a demanda se distribuem por enquanto razoavelmente entre todos os colégios de Helsinque, embora a prefeitura tenha eliminado (salvo exceções) os vales-transporte para as crianças que se transferem por vontade própria para escolas distantes de suas casas.
Quando as famílias vierem conhecer o Alpilla, a diretora lhes explicará que receberam um prêmio por cumprir fielmente o programa: os professores se propuseram a trabalhar em equipe, bem coordenados, e o conseguiram. O governo lhes deu um cheque de 28 mil euros. Foram à Hungria nas férias e fizeram uma boa ceia de Natal no ano passado.
Quando as coisas pioram, os profissionais do colégio dão apoio acadêmico e social aos alunos. O número de estudantes por classe beira os 20, mas se houver problemas acadêmicos são separados em grupos de dez e colocados em dia. E se for preciso repetir o ano? “Será nos primeiros anos do primário, o quanto antes”, diz a diretora.
Esse é o principal desafio salientado pelos professores: poder levar todos os alunos adiante, venham de onde vierem. Por isso, quando localizam um problema põem em ação seus muitos mecanismos de prevenção.
Se a coisa se complica, o governo (local ou nacional) contribui novamente com dinheiro. O colégio está encravado num bairro com problemas sociais e recebe mais verbas que outros. “No ano passado tivemos um problema e a prefeitura deu Helsinque nos concedeu 18 mil euros prontamente.” Com essa verba a diretora contratou um professor avulso que ajudou os atrasados a fazer as lições, entre outras coisas.
Na Finlândia os centros escolares têm boas instalações e equipamentos, mas também se percebe certa austeridade. Uma simples cartolina com papéis pregados serve à diretora do Alpilla para deixar claros os propósitos educativos do curso. E eles são cumpridos.
O Estado define 75% de disciplinas comuns e o resto é organizado pelo colégio, com a participação ativa de estudantes e famílias. Há ampla liberdade para projetar o dia-a-dia escolar, portanto não é fácil falar do sistema de maneira geral. Mas há alguns aspectos comuns. A formação dos professores é um deles. Todos têm de ter cinco anos de formação, um terço da qual será de conteúdo pedagógico. “Não basta saber matemática”, dizem. E a maioria, como lembra a ministra, tem um ano a mais de estudos, um mestrado.
Os professores acreditam que o salário poderia ser um pouco maior que os cerca de 2.300 euros (R$ 8.300) brutos por mês; mas estão contentes com as 13 longas semanas de férias por ano (os espanhóis têm mais de 16). A jornada semanal é de 37 horas, mas nem todas são de ensino em classe. Quando perguntados, não duvidam: são professores por vocação e estão motivados. Talvez porque têm valorização social e prestígio entre seus compatriotas. “Em geral contamos com a confiança dos pais, embora isso esteja decaindo”, diz Tuula Tapaninen, orientadora do colégio Porolahden Perus.
Do outro lado de Helsinque, a diretora do colégio Alppila, Aulikki Kalalahti, indica outro dado que explica a motivação dos professores: “Eles têm liberdade para trabalhar com os alunos e vêem que conseguem êxito com eles”.
Relação fluida
Os professores trabalham lado a lado com as famílias, com as quais mantêm uma relação fluida. Em janeiro o colégio Alpilla organiza jornadas de apresentação, das quais participam os pais, para conhecer seu método de trabalho. Se gostarem poderão optar livremente por matricular seus filhos ali. Os pais podem escolher a escola, mas costumam preferir a mais próxima. O Alpilla mantém com a escola primária que lhe corresponde pela proximidade uma estreita sintonia, que favorece o acompanhamento dos alunos até o final da etapa obrigatória.
Cinqüenta por cento dos alunos que se matriculam dos 13 aos 16 anos vêm dessa escola, mas a outra metade procede de qualquer parte de Helsinque. O colégio ganhou fama em comunicação e expressão. É um exemplo de um fenômeno recente na educação local: a especialização de alguns colégios em música, matemática, esportes… Quando um aluno se destaca em alguma dessas disciplinas, os pais tentam matriculá-los nesses colégios, embora alguns imponham um teste para avaliar as habilidades do aspirante. Se houver lugar, está dentro.
A oferta e a demanda se distribuem por enquanto razoavelmente entre todos os colégios de Helsinque, embora a prefeitura tenha eliminado (salvo exceções) os vales-transporte para as crianças que se transferem por vontade própria para escolas distantes de suas casas.
Quando as famílias vierem conhecer o Alpilla, a diretora lhes explicará que receberam um prêmio por cumprir fielmente o programa: os professores se propuseram a trabalhar em equipe, bem coordenados, e o conseguiram. O governo lhes deu um cheque de 28 mil euros. Foram à Hungria nas férias e fizeram uma boa ceia de Natal no ano passado.
Quando as coisas pioram, os profissionais do colégio dão apoio acadêmico e social aos alunos. O número de estudantes por classe beira os 20, mas se houver problemas acadêmicos são separados em grupos de dez e colocados em dia. E se for preciso repetir o ano? “Será nos primeiros anos do primário, o quanto antes”, diz a diretora.
Esse é o principal desafio salientado pelos professores: poder levar todos os alunos adiante, venham de onde vierem. Por isso, quando localizam um problema põem em ação seus muitos mecanismos de prevenção.
Se a coisa se complica, o governo (local ou nacional) contribui novamente com dinheiro. O colégio está encravado num bairro com problemas sociais e recebe mais verbas que outros. “No ano passado tivemos um problema e a prefeitura deu Helsinque nos concedeu 18 mil euros prontamente.” Com essa verba a diretora contratou um professor avulso que ajudou os atrasados a fazer as lições, entre outras coisas.
Na Finlândia os centros escolares têm boas instalações e equipamentos, mas também se percebe certa austeridade. Uma simples cartolina com papéis pregados serve à diretora do Alpilla para deixar claros os propósitos educativos do curso. E eles são cumpridos.
Os alunos também respondem. Fazem seus deveres, que não são poucos, e não se queixam. Mas não são adolescentes de comportamento angelical. São como todos, e entre eles começa a surgir o desânimo, como salienta o diretor do centro Porolahden Perus. O álcool é uma das grandes preocupações nesse país. E o desemprego já atinge 9%. Por enquanto cerca de 60% dos alunos cursa a universidade, e os demais se matriculam em formação profissional. É difícil encontrar alguém que fique sem um diploma.
Os finlandeses têm um sistema educacional livre que roda com fluidez, bons professores, famílias que participam e dinheiro para enfrentar as dificuldades. E uma vontade férrea de cumprir o dever. Oitenta e cinco por cento dos finlandeses são luteranos (pouco praticantes). Poderia o espírito de Lutero (“Sempre pecador, sempre justo e sempre penitente”) incutir esse tipo de responsabilidade pessoal no caráter de professores e alunos? “É possível”, diz com seriedade o diretor do instituto Porolahden Perus. “É a responsabilidade de que é preciso cumprir. Mas isso tem seu lado ruim: os professores às vezes exigem tanto de si mesmos que chegam a adoecer.”
Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves
Os finlandeses têm um sistema educacional livre que roda com fluidez, bons professores, famílias que participam e dinheiro para enfrentar as dificuldades. E uma vontade férrea de cumprir o dever. Oitenta e cinco por cento dos finlandeses são luteranos (pouco praticantes). Poderia o espírito de Lutero (“Sempre pecador, sempre justo e sempre penitente”) incutir esse tipo de responsabilidade pessoal no caráter de professores e alunos? “É possível”, diz com seriedade o diretor do instituto Porolahden Perus. “É a responsabilidade de que é preciso cumprir. Mas isso tem seu lado ruim: os professores às vezes exigem tanto de si mesmos que chegam a adoecer.”
Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves
FONTE: http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/elpais/2004/12/23/ult581u1175.jhtm (publicado em 23/12/2004)
http://brasilfinlandia.blogspot.com/2009/03/finlandia-e-nota-dez-em-educacao.html acessado em agosto de 2010.